Published 22/09/2025 ⦁ 11 min leitura
Vacinas Obrigatórias para Cães em Portugal

A vacina contra a raiva é a única obrigatória por lei em Portugal para cães. Deve ser administrada entre as 12 e 16 semanas de idade, com reforços anuais ou conforme indicado pelo fabricante. Outras vacinas, como as que previnem parvovirose, esgana, leptospirose e leishmaniose, não são obrigatórias, mas são altamente recomendadas por veterinários devido à gravidade das doenças que evitam.

  • Raiva: Obrigatória; protege contra uma doença fatal transmissível a humanos.
  • Parvovirose: Recomendada; previne infeções graves no sistema gastrointestinal.
  • Esgana: Recomendada; evita danos respiratórios, neurológicos e gastrointestinais.
  • Leptospirose: Recomendada; protege contra uma bactéria que pode afetar humanos.
  • Leishmaniose: Altamente recomendada; protege contra uma doença parasitária comum em Portugal.

Manter o boletim sanitário atualizado é essencial para viagens, estadias em hotéis para cães e evitar multas. Consulte sempre o veterinário para um plano vacinal adaptado às necessidades do seu cão.

1. Rabies Vaccine (Vacina da Raiva)

Estado Obrigatório ou Recomendado

Em Portugal, a vacina contra a raiva é obrigatória por lei para todos os cães. Esta exigência aplica-se tanto aos animais que residem no país como àqueles que entram no território nacional ou viajam para outros países da União Europeia.

Doença Prevenida

A raiva é uma doença viral grave transmitida principalmente através de mordeduras ou arranhões de animais infetados. É uma zoonose, o que significa que pode passar de animais para humanos. Uma vez manifestados os sintomas, a doença é quase sempre fatal. O vírus afeta o sistema nervoso, tornando a vacinação uma medida essencial para prevenir a sua propagação.

Idade da Primeira Administração

Os cães devem ser vacinados pela primeira vez entre as 12 e 16 semanas de idade. Para viagens dentro da União Europeia, a vacinação é permitida a partir das 12 semanas, devendo ser administrada pelo menos 21 dias antes da data da viagem.

Frequência de Reforços

Depois da vacinação inicial, é necessário um reforço ao fim de um ano. As vacinações seguintes devem ser feitas a cada 1 a 3 anos, dependendo do tipo de vacina utilizada. Para viagens na União Europeia, os reforços podem ter validade de 1 a 3 anos, conforme indicado pelo fabricante.

Segue-se agora a análise da vacinação contra a parvovirose.

2. Vacina contra o Parvovírus (Parvovirose)

Estado Obrigatório ou Recomendado

Embora não seja obrigatória, a vacina contra a parvovirose é fortemente recomendada, tornando-se indispensável em situações específicas, como estadias em hotéis para cães. Diferente da vacina contra a raiva, que é obrigatória em Portugal, esta vacina é vista como uma medida preventiva essencial pelos veterinários.

"Em Portugal, é obrigatório vacinar os animais de estimação contra a Raiva e a vacinação contra várias outras doenças é fortemente aconselhada para prevenir que o seu animal adoeça e contamine outros."– Clínica Veterinária do Restelo

A seguir, vamos entender melhor a doença que esta vacina combate.

Doença Prevenida

A vacina protege contra a parvovirose canina, uma doença grave e altamente contagiosa causada pelo vírus "Parvo". Este vírus é conhecido pela sua resistência no ambiente e pelos danos que causa, afetando principalmente o sistema imunitário e gastrointestinal dos cães. Os sintomas incluem vómitos, diarreia com sangue, febre, fraqueza e desidratação, podendo levar à morte em casos mais graves.

"O parvovírus canino é uma doença infeciosa grave que afeta principalmente cães jovens e desprotegidos."– Clínica Veterinária do Restelo

Idade da Primeira Administração

A vacinação deve começar entre as 6 e 8 semanas de vida. Este período é crucial, pois os anticorpos maternos já não oferecem proteção suficiente, e os cachorros precisam de desenvolver as suas próprias defesas.

Frequência de Reforços

Depois da dose inicial, os reforços variam conforme o tipo de vacina e as necessidades específicas de cada cão. O ideal é consultar um veterinário para determinar o intervalo mais adequado.

3. Vacina contra a Esgana (Distemper)

Estado Obrigatório ou Recomendado

Embora não seja obrigatória em Portugal, a vacina contra a esgana é fortemente recomendada pelos veterinários devido à gravidade da doença que previne. Esta vacina é considerada parte essencial do protocolo básico de vacinação para cães, garantindo proteção contra uma condição potencialmente fatal.

Doença Prevenida

A esgana canina, também conhecida como distemper, é uma doença viral extremamente contagiosa e, em muitos casos, letal. Este vírus ataca vários sistemas do organismo, incluindo o respiratório, gastrointestinal e nervoso. Os primeiros sinais podem incluir febre, corrimento nasal e ocular, tosse, vómitos e diarreia. À medida que a doença avança, podem surgir sintomas neurológicos graves, como convulsões, paralisia, movimentos involuntários e alterações de comportamento. A taxa de mortalidade é particularmente alta em cachorros jovens e em cães que não receberam a vacinação adequada.

Idade da Primeira Administração

A primeira dose da vacina é administrada entre as 6 e as 8 semanas de idade. Este período é crítico, pois é quando os cachorros começam a perder a proteção dos anticorpos transmitidos pela mãe, tornando-os mais vulneráveis à doença. Esta vacina é frequentemente incluída em vacinas polivalentes.

Frequência de Reforços

Após a dose inicial, são necessários reforços a cada 3 a 4 semanas durante o primeiro ano de vida do cão, até completar o esquema inicial. Depois disso, os reforços devem ser realizados com a periodicidade recomendada pelo veterinário, garantindo que o animal mantenha a imunidade ao longo da vida.

4. Vacina contra a Leptospirose (Leptospirosis)

Estado Obrigatório ou Recomendado

Em Portugal, a vacina contra a leptospirose não é obrigatória, mas os veterinários recomendam-na vivamente, especialmente para cães que vivem em áreas rurais ou que têm contacto frequente com água parada. Isto porque a leptospirose é uma doença zoonótica, ou seja, pode ser transmitida dos animais para os humanos.

Doença Prevenida

A leptospirose é causada pela bactéria Leptospira e transmite-se geralmente através do contacto com urina contaminada de animais infetados. Tanto animais como humanos podem ser afetados, sendo a doença particularmente preocupante em locais húmidos ou com água estagnada.

Os sintomas incluem febre, hemorragias, dores musculares, falta de apetite, vómitos, sede excessiva, micção frequente e, em casos graves, icterícia (pele e mucosas amareladas), problemas pulmonares e alterações neurológicas. Sem tratamento adequado, pode evoluir rapidamente para insuficiência renal ou hepática. Por isso, a vacinação é essencial para proteger o seu animal desde cedo.

Idade da Primeira Administração

A vacina contra a leptospirose é geralmente administrada pela primeira vez entre as 12 e as 16 semanas de idade. É comum ser incluída nas vacinas polivalentes, mas a sua aplicação ocorre mais tarde do que outras vacinas, já que o sistema imunitário do cão precisa de estar suficientemente desenvolvido para responder de forma eficaz.

Frequência de Reforços

Esta vacina oferece imunidade por um período mais curto em comparação com outras vacinas essenciais. Por isso, os reforços devem ser feitos anualmente. O veterinário pode ajudá-lo a definir um plano de vacinação adequado, ajustado às necessidades específicas do seu cão e ao ambiente em que ele vive.

5. Vacina contra a Leishmaniose (Leishmaniasis)

Estado Obrigatório ou Recomendado

Embora não seja obrigatória em Portugal, a vacina contra a leishmaniose é altamente recomendada pelos veterinários, especialmente devido à presença endémica da doença no país. Tal como acontece com vacinas como a da raiva, parvovirose ou esgana, esta pode ser crucial para cães que vivem ou frequentam áreas de maior risco. Um estudo de 2021 realizado em Portugal continental mostrou que apenas 14,9% dos cães (271 em 1.824) estavam vacinados contra a leishmaniose, indicando que ainda há muito a fazer para garantir uma proteção mais ampla dos nossos animais de estimação.

Abaixo, explicamos a idade ideal para a primeira administração da vacina.

Doença Prevenida

A vacina protege contra a leishmaniose canina (CanL), uma doença parasitária grave causada pelo Leishmania infantum. Este parasita é transmitido pela picada de flebótomos, pequenos insetos que se tornam mais ativos nos meses quentes.

Os sintomas da leishmaniose podem variar desde problemas cutâneos – como feridas persistentes, queda de pelo e descamação – até complicações sistémicas mais graves, como perda de peso, aumento dos gânglios linfáticos e danos nos rins e fígado. Sem o tratamento adequado, a doença pode ser fatal.

No mercado europeu, atualmente, existe apenas uma vacina disponível. Como apontam os investigadores Maria Almeida e colegas:

"Na última década, duas vacinas foram implementadas na União Europeia (UE): CaniLeish® (Virbac, Carros, França) e LetiFend® (LETI Pharma, Barcelona, Espanha)".

A CaniLeish® foi retirada do mercado na UE, e o estudo de 2021 revelou que a LetiFend® é agora a vacina mais utilizada, tendo sido administrada a 142 cães (7,8% do total).

Idade da Primeira Administração

A vacinação contra a leishmaniose deve começar a partir dos 6 meses de idade. Esta é a altura em que o sistema imunitário do cão já está suficientemente desenvolvido para responder de forma eficaz à vacina.

Frequência de Reforços

Para assegurar uma proteção contínua, é necessário realizar reforços anuais. De acordo com a Agência Europeia do Medicamento (EMA):

"A vacina é administrada a cães a partir dos 6 meses de idade como uma única injeção sob a pele. Uma injeção de 'reforço' deve ser administrada todos os anos para manter o efeito da vacina".

Os reforços são especialmente importantes para cães que vivem ou viajam para áreas de alto risco. O veterinário pode ajudar a definir o calendário mais adequado, considerando o período de maior atividade dos flebótomos. Manter estas doses regulares é essencial para garantir a saúde e segurança dos nossos amigos de quatro patas.

Tabela Resumo das Vacinas

Abaixo encontra-se uma tabela que sintetiza as informações essenciais sobre as vacinas para cães em Portugal:

VacinaEstadoDoença PrevenidaPrimeira AdministraçãoReforços
RaivaObrigatóriaRaiva12 semanasAnual
ParvoviroseRecomendadaParvovirose canina6-8 semanasAnual
EsganaRecomendadaCinomose (Distemper)6-8 semanasAnual
LeptospiroseRecomendadaLeptospirose8-10 semanasAnual
LeishmanioseAltamente recomendadaLeishmaniose canina6 mesesAnual

Esta tabela é uma ferramenta prática para tutores que desejam assegurar que o plano vacinal dos seus cães está em dia. Apesar de a vacina contra a leishmaniose não ser obrigatória por lei, é amplamente recomendada por veterinários devido à prevalência da doença em Portugal.

O plano vacinal deve ser ajustado às necessidades específicas de cada cão, considerando fatores como a região onde vive, o seu estilo de vida e eventuais condições de saúde. Por exemplo, cães que frequentam parques, praias ou áreas rurais podem precisar de maior atenção às vacinas contra a leptospirose e a leishmaniose.

Manter o boletim sanitário do seu cão atualizado é essencial. Este documento não só facilita o controlo das vacinas, como também é indispensável para viagens, estadias em hotéis para cães e participação em competições.

Embora algumas vacinas não sejam obrigatórias, seguir um calendário vacinal rigoroso é fundamental para proteger a saúde do seu animal. Consulte sempre o seu veterinário para um plano vacinal personalizado e adequado às necessidades do seu cão.

Conclusão

Seguir o plano vacinal do seu cão com rigor é essencial, não só para a saúde dele, mas também para proteger a saúde pública em Portugal. A vacinação contra a raiva, a única obrigatória por lei, desempenha um papel crucial na prevenção da transmissão desta doença aos humanos.

Embora a vacina contra a raiva seja mandatória, as restantes vacinas recomendadas também são indispensáveis para evitar doenças graves como a parvovirose, esgana, leptospirose e leishmaniose. Esta última merece especial atenção, já que Portugal é uma zona onde a leishmaniose é frequente.

Certifique-se de que o histórico vacinal do seu cão está sempre completo e atualizado. Plataformas como a Cauda.pt colaboram com criadores certificados que seguem à risca os protocolos veterinários, garantindo que os cães são entregues com as vacinas adequadas à idade e toda a documentação sanitária devidamente organizada.

Como já foi mencionado, o boletim sanitário é uma ferramenta essencial. Ele não só comprova que o seu cão está protegido, como também facilita processos como viagens, estadias em hotéis caninos ou consultas veterinárias inesperadas.

Lembre-se: vacinar o seu cão é uma medida preventiva que custa muito menos do que tratar as doenças que podem ser evitadas. Mantenha um contacto regular com o seu veterinário e cumpra os prazos de reforço vacinal para assegurar uma proteção contínua e eficaz. A saúde do seu cão depende disso!

FAQs

Quais são os perigos de não vacinar o meu cão contra doenças como a parvovirose ou a leishmaniose?

Não proteger o seu cão com vacinas contra doenças como a parvovirose ou a leishmaniose pode colocar seriamente em risco a saúde do animal. A parvovirose, por exemplo, é extremamente contagiosa e pode provocar sintomas graves, como diarreia intensa, vómitos, desidratação e, em muitos casos, levar à morte, especialmente em cachorros ou cães que não tenham sido vacinados.

No caso da leishmaniose, embora a vacina não elimine por completo o risco de infeção, ela reduz de forma considerável a gravidade dos sintomas e os danos causados pela doença. Sem vacinação, o animal pode enfrentar complicações graves, sofrer por longos períodos e necessitar de tratamentos que podem ser bastante caros. Além disso, estas doenças não afetam apenas o cão: a parvovirose pode ameaçar outros animais, e a leishmaniose pode até representar um perigo para a saúde humana.

Vacinar o seu cão não é apenas um ato de cuidado para garantir a saúde e o bem-estar do seu amigo de quatro patas. É também uma forma de proteger outros animais e contribuir para a segurança da comunidade, incluindo as pessoas.

Quais são os cuidados necessários para viajar com o meu cão dentro da União Europeia, incluindo as vacinas obrigatórias?

Viajar com o seu cão dentro da União Europeia exige atenção a algumas regras importantes para garantir que tudo corre bem. A vacina contra a raiva é um requisito obrigatório para viagens internacionais e deve estar devidamente registada no passaporte do animal de estimação, que é emitido por um veterinário.

Além disso, verifique se o país de destino exige outras vacinas ou tratamentos específicos. Planeie com antecedência e consulte o seu veterinário para assegurar que o seu cão cumpre todos os requisitos, evitando assim contratempos de última hora.

Se está à procura de criadores de confiança ou informações sobre raças de cães em Portugal, a Cauda.pt é um recurso valioso. Esta plataforma conecta famílias a criadores certificados, promovendo o bem-estar dos animais. Não se esqueça: cuidar da saúde e da socialização do seu cão é essencial para garantir que a viagem seja segura e tranquila.

Por que é importante manter o boletim sanitário do meu cão atualizado e quais os riscos de não o fazer?

Manter o boletim sanitário do seu cão em dia não é apenas uma questão de cuidado com o seu animal, mas também uma responsabilidade legal em Portugal. A vacinação antirrábica, por exemplo, é obrigatória e desempenha um papel crucial na proteção do seu cão e na preservação da saúde pública.

Deixar de atualizar o boletim pode trazer consequências desagradáveis, como multas e complicações legais. Além disso, pode criar entraves em situações como viagens ou processos de adoção. Para o seu cão, atrasos na vacinação significam maior exposição a doenças graves, comprometendo não só a sua saúde, mas também a de outros animais ao seu redor.